Sunday, November 30, 2008

some music to melt the sadness

vamos começar
colocando um ponto final
pelo menos já é um sinal
de que tudo na vida tem fim

vamos acordar
hoje tem um sol diferente no céu
gargalhando no seu carrossel
gritando nada é tão triste assim

é tudo novo de novo
vamos nos jogar onde já caímos
tudo novo de novo
vamos mergulhar do alto onde subimos

vamos celebrar
nossa própria maneira de ser
essa luz que acabou de nascer
quando aquela de trás apagou

e vamos terminar
inventando uma nova canção
nem que seja uma outra versão
pra tentar entender que acabou

mas é tudo novo de novo
vamos nos jogar onde já caímos
tudo novo de novo
vamos mergulhar do alto onde subimos

[tudo novo de novo - paulinho moska]


estou me despedindo de você, mas dizer tchau nunca foi tão difícil
ser só eu, depois de tanto nós, é reaprender o caminho

Friday, November 28, 2008

eu sou demais de implicante

ou a ana maria braga é uma criatura absolutamente dispensável no mundo?

o que pensar sobre uma televisão em que uma loira platinada, sem expressão, com o nariz chegando no queixo, cheia de maquiagem e jóias, vestida em roupa camuflada, vai fazer cobertura "jornalística" das enchentes no vale do itajaí?

meu, me sinto desrespeitada toda vez que escuto aquela voz de lamentação dela e aquele esquema tragéda-receita-dupla sertaneja ou ator da casa.

Monday, November 24, 2008

não há justiça

quando o mundo todo chora dentro de mim
mas minhas cordas vocais foram circuncisadas.

Friday, November 21, 2008

eu estava pronta

pra vir aqui e falar detalhes sobre ratos e invejosos e aqueles que se unem em torno do mesmo mau cheiro da má-fé. mas quer saber?

o facas ganhou, e essa é a resposta. e ganhou porque merece, porque faz um som honesto e tem amigos, milhares deles. aliás, 7,5 mil amizades.

valeu aê, comunidade.

invejosos, meu cu brilha pra vocês, hahaha.

vai lá, www.myspace.com/facasvoadoras

Thursday, November 20, 2008

reações

pra mim, a carol tem a mais espontânea reação com a felicidade. quando está feliz, ela se rende ao ridículo e grita, pula, abraça as pessoas, treme e parece uma cabrita. ela não se importa se você pensa isso ou qualquer outra coisa dela. ela está feliz e é isso que importa.

a ana, quando está feliz, sorri docemente, faz um ddd pra santo ângelo, conta todos os detalhes pra tia que eu nunca lembro o nome - do nariz e dos traços agressivamente aristocráticos eu lembro, e lembro também da visita ao meu barraco - e repete diversas vezes que está feliz.

e eu? sabe o que eu faço quando fico muito feliz?

fico muda.

Wednesday, November 19, 2008

lembrete

tomate, cenoura, beterraba, queijo minas, cebola de conversa, pimenta de bico, azeitona, milho, ervilha e óregano.

pra eu lembrar as sinapses de não permitirem que eu reclame não ter passado no supermercado.

Tuesday, November 18, 2008

papo de almoço

você sabe quando está com mania de perseguição E sentimento de rejeição quando pensa em expulsar a si de casa e anda preocupada com certo plano pra ocupar sua gleba.

furtado do caminho do almoço.

Monday, November 10, 2008

whisper

não vim postar, vim suspirar. não sou preguiçosa, não pra trabalhar, mas tem algo que me torna catatônica do desagrado. acabo sendo e fazendo tudo menor do que posso, vou engolindo - não sapos - idéias inteiras, vontades montanhasos de dizer e fazer e escrever e ser e mudar. elas vão se acumulando em rotinas que terminam quase sempre com um suspiro de alívio, longo, quase dolorido. e aí pouca coisa funciona; sento em frente ao computador e a tela branca me dá ânsia, associação imediata com as peças tão pesadas que carrego na linha de produção da fábrica.

meu melhor livro escrito, meus melhores textos, as linhas mais verdadeiras parecem sempre perdidas entre os passos que dou entre o trabalho e minha casa. perdidos e guardados, amontoados na minha cabeça e às vezes compartilhado com alguém em dedos de prosa quase sempre curtos mas tão mais intensos que tarde inteiras ocupadas por confissões aparentemente importantes.

frustrante que só. tudo que cabe aqui dentro não celebra o verbo.

e o verbo é tudo que eu tenho.

ira

A manhã estava encaminhada, mas meus olhos não concordavam com aquele sol. Saí de casa atrasada e afogada, como de costume. Tem algo de boicotador nisso, mas sou incapaz de sair de casa correndo. Run, baby, run? No way.

Fechei o portão por volta das 8h30. levantei os olhos e mirei a preocupação. Ninguém no ponto de ônibus. Levei uns meses pra entender a obviedade da cena: em dia e horário de trabalho, ponto de ônibus vazio significa que você está mais atrasado do que o normal.
Subi sem pressa, sentei. Ajeito os fones de ouvido e sem critério aperto o play. Penso que se acender um cigarro, o ônibus certamente chegará rápido.

Abro o bobo livro que lia e dou vazão a uma espécie de abstração dissimulada que eu só atinjo quando não tenho saída. Algum tempo depois tive que fechar o livro, fechar os olhos e só sentir o que ouvia.

A Manu me passou o Lenine há meses e eu nunca parei pra ouvir. Tenho uma simpatia pelo som dele, a melodia, mas não nutria qualquer apego. Mas caralho. Atirador me causou um turbilhão de sensações arrebatadoras.

Atire a primeira, atire a segunda, iaiá
até descarregar o tambor, até apagar a luz de ioiô
Até nunca mais,já vingou.

Impossível continuar lendo o que fosse. Tive certeza que se fosse mesmo livre, sem medo do ridículo e disposta a sempre atender meus impulsos, teria me levantado daquele banco, sairia cantando alto, simulando o tocar de tambores. Imagina a cena. É ridícula, algo lamentável, mas foi isso que eu senti. Risível, delicioso.

Atirador quando compra a vingança alheia, tem que ter veneno na veia.

Hoje, de novo, vim ouvindo-a. Me arrepiei, fechei os olhos. Repeti todos os pensamentos do dia anterior. Vontade louca de estar em um show ou outra grande manifestação, quando eu mando o superego dormir.

Atirador é o dublê da ira.

Não acho que qualquer encantamento que seja precise de explicação. E talvez pense assim justamente porque não verbalizo a maior parte das coisas que me arrebatam. As paixões, pra mim, tendem a ser auto-explicativas.

Só essa pensei em explicar. Às vezes, me sinto dublê da ira.