Friday, August 01, 2008

ladariando...

estou em ladário. aproveito o intervalo entre um telefonema, uma resposta, um retorno, pra tentar verbalizar o “eu em ladário”. estou viva, como nunca. em ladário, você sente que o tempo parou, os relógios quebraram, mas sente também que existe alguma coisa incubada, que pode ser grande, que pode ser melhor. aqui você se perde sobre o que é ladário e o que é corumbá, mas sabe que sempre que olhar pra baixo o paraguaizão estará olhando por você.
domingo, no porto geral, me senti emocionada por não ter hesitado em aceitar a empreitada. do trabalho não falo, não por nada, mas porque tudo segue bem, muito bem. só que a beleza desse viver nesses dias quentes, de sol surreal, está além do trabalho, dos ganhos, da soma de ser força motriz.
está ligado a uma sensação, um acordar e sorrir. está em uma ausência de ressalvas, está em uma saudade latente, mas que me deixa respirar e me lembra de onde vim, me lembra quem me espera, me lembra quem eu espero. e me lembra também quem eu sou, quem eu quero ser.
me lembra que ao fim desse tempo não quero ir a praia. me lembra que no fim desse tempo quero ir a bolívia. e não é à zona franca.
descobri que não sofro de solidão e descobri que sou melhor companhia do que imaginava. descobri também que sou geniosa, mas descobri que as gentes de bom coração entendem a minha boa-fé mal-verbalizada.
ladariando há um mês, não tenho deslocamento. na padaria, no mercado, na esquina, no hotel, no salão. eles são sérios, são sofridos, são quase desesperançosos, mas só querem ser ouvidos.
ladário me devolveu a ternura. a ternura por um monte de coisa. quis não ser concreta por um dia para escapar pelos vapores do rio. quem não gosta do pôr-do-sol no porto ou é ruim de coração ou doente dos sentidos.