houve um tempo em que éramos três. quase sempre três contra o mundo, às vezes uma contra a outra. era um tempo que parecia maior e mais fácil. era também como se nada no mundo fosse capaz de nos desmontar, porque tínhamos uma a outra e sentíamos aquele amor de forma tão intensa. houveram viagens, porres, dietas, rompimentos, recomeços, promessas, acidentes, livros de geografia e noites lúdicas, de vinho, poesia, valsa e planos de mudar pra paris e de ser mais feliz.
tenho algumas sugestões, mas não sei ao certo como perdemos o vínculo. claro que eu continuo muito ligada - e quase dependente - às duas, mas algo se perdeu quando as duas deixaram de esperar uma pela outra. o que tinha para lamentar, sugerir, opinar já fiz. enviei emails coletivos e me chateei com ambas uma porção de vezes. claro que já tomei partido, mas hoje acho que as duas erraram e acertaram e no placar invisível dessa disputa por quem é mais cabeça dura, as duas perderam.
tudo isso pra dizer que esse blog nasceu desse tempo em que conversávamos toda manhã e tínhamos conversas tão inacreditáveis e inspiradas, que pensamos ser divertido transformar aquele desiquilíbrio feminino-emocional-profissional em textos e compartilhar aquelas histórias com alguns amigos que se divertiam com a nossa "pluralidade verborrágica". passamos por amores planóticos [exato, planótico] e rimos tanto das nossas obsessões que elas se esvaziaram e viraram só desculpa para gastar uns trocos a mais e dormir umas horas de menos.
então, put the blame on mame veio desse tempo. demoramos meses para decidir um nome, registrar, mexer com a parte prática. foi feito e, ironicamente, passou a existir concomitante com o nosso próprio deixar de existir.
estou deixando de escrever aqui, a começar por hoje.
era pra ser nosso blog e acabou não o sendo. também não vou me apropriar dele, porque não é meu, então vou pra outro lugar, se tiver vontade de manter esse brinquedo de escrever e compartilhar.
hell above and Heaven below
all the trees are gone
the rain made such a lovely sound
to those who are six feet under ground
the leaves will bury every year
and no one knows I’m gonetalvez exista um tempo pra cada coisa, não sei. sei que esse aqui acabou.